quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Peixe: Vivo ou Morto?

    Iniciando nosso Papo de Família, lembro-me de um episódio protagonizado pela minha filha que muito me chamou a atenção.

    Certa vez ela me pediu para que eu desenhasse um peixe bem bonito. Bem, confesso que desenho não é o meu forte, mas como o pedido partiu da minha garotinha, resolvi atende-lo da melhor forma possível.

    O peixe pedido foi então desenhado. Tentei deixa-lo o mais bonito para que ela gostasse. Olho bem redondinho, corpo com uma silhueta próxima de um peixe de verdade, nadadeiras e boca iniciando com traços finos e depois espessando, enfim, fiz o melhor que pude. Depois que finalizei o desenho, pintei com cores que achei que chamariam a sua atenção. Depois de pronto me senti contente com o resultado. Levei até ela e o entreguei para que ela visse.

    À primeira vista notei uma grande surpresa e logo a seguir veio sua expressão “Que lindo!”. Pronto! Naquela frase, pronunciada de maneira tão inocente, verdadeira e empolgante que somente as crianças conseguem, senti que o meu objetivo estava cumprido.

    Após alguns segundos, notei que ela continuava observando o meu desenho mas a sua feição já não estava tão satisfeita como anteriormente. Voltei a perguntar se ela havia gostado realmente do meu desenho. Ela virou-se para mim, sorrindo e me disse: “Sim! O seu peixinho está muito bonito, posso ficar com ele?”. É claro que atendi ao seu pedido e voltei a ficar satisfeito com o que fiz.

    No outro dia, quando voltei para casa para almoçar, pouco antes de leva-la à escola, ela veio bem sorridente me abraçou forte e me entregou um desenho de um peixe que ela havia feito. Notei que ela se baseou muito no desenho que eu fiz e fiz uma baita festa, elogiando muito o seu desenho, afinal, com 4 aninhos ela havia feito um desenho realmente surpreendente! Porém o mais interessante ainda estava por vir.

    Ela me deu um novo abraço e perguntou mais uma vez se eu havia gostado de seu desenho e eu novamente vez disse que havia gostado sim, muito. Então veio a pérola. Ela me disse: “Eu acho que o seu desenho ficou mais bonito que o meu. Mas o seu peixinho estava morto né papai? Ele não estava na água... O meu está dentro da água e está muito feliz!”. Na hora que ela me disse isso, imediatamente eu comparei os desenhos e notei que no desenho que fiz eu não desenhei as bolhinhas de ar saindo da boca do peixinho, não pintei o azul da água, não fiz traços simbolizando o movimento da água e a boca do meu peixe estava sem expressão nenhuma, enquanto que a do peixe que ela fez havia um discreto sorriso. O sorriso de um peixinho vivo, muito ativo e que estava muito feliz em nadar por uma quantidade aparentemente infinita de água.

    É isso aí pessoal! Nós, como pais, temos a responsabilidade de ensinar tudo o que pudermos às nossas crianças, mas tenho certeza quando digo que, em vários momentos, nós somos quem mais aprendemos com elas.  


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