Iniciando nosso Papo de Família, lembro-me de um episódio
protagonizado pela minha filha que muito me chamou a atenção.
Certa vez ela me pediu para que eu desenhasse um peixe bem
bonito. Bem, confesso que desenho não é o meu forte, mas como o pedido partiu
da minha garotinha, resolvi atende-lo da melhor forma possível.
O peixe pedido foi então desenhado. Tentei deixa-lo o mais
bonito para que ela gostasse. Olho bem redondinho, corpo com uma silhueta próxima
de um peixe de verdade, nadadeiras e boca iniciando com traços finos e depois
espessando, enfim, fiz o melhor que pude. Depois que finalizei o desenho, pintei
com cores que achei que chamariam a sua atenção. Depois de pronto me senti
contente com o resultado. Levei até ela e o entreguei para que ela visse.
À primeira vista notei uma grande surpresa e logo a seguir
veio sua expressão “Que lindo!”. Pronto! Naquela frase, pronunciada de maneira tão
inocente, verdadeira e empolgante que somente as crianças conseguem, senti que
o meu objetivo estava cumprido.
Após alguns segundos, notei que ela continuava observando o
meu desenho mas a sua feição já não estava tão satisfeita como anteriormente.
Voltei a perguntar se ela havia gostado realmente do meu desenho. Ela virou-se
para mim, sorrindo e me disse: “Sim! O seu peixinho está muito bonito, posso
ficar com ele?”. É claro que atendi ao seu pedido e voltei a ficar satisfeito
com o que fiz.
No outro dia, quando voltei para casa para almoçar, pouco
antes de leva-la à escola, ela veio bem sorridente me abraçou forte e me
entregou um desenho de um peixe que ela havia feito. Notei que ela se baseou
muito no desenho que eu fiz e fiz uma baita festa, elogiando muito o seu
desenho, afinal, com 4 aninhos ela havia feito um desenho realmente
surpreendente! Porém o mais interessante ainda estava por vir.
Ela me deu um novo abraço e perguntou mais uma vez se eu
havia gostado de seu desenho e eu novamente vez disse que havia gostado sim, muito.
Então veio a pérola. Ela me disse: “Eu acho que o seu desenho ficou mais bonito
que o meu. Mas o seu peixinho estava morto né papai? Ele não estava na água...
O meu está dentro da água e está muito feliz!”. Na hora que ela me disse isso,
imediatamente eu comparei os desenhos e notei que no desenho que fiz eu não desenhei
as bolhinhas de ar saindo da boca do peixinho, não pintei o azul da água, não
fiz traços simbolizando o movimento da água e a boca do meu peixe estava sem
expressão nenhuma, enquanto que a do peixe que ela fez havia um discreto
sorriso. O sorriso de um peixinho vivo, muito ativo e que estava muito feliz em
nadar por uma quantidade aparentemente infinita de água.
É isso aí pessoal! Nós, como pais, temos a responsabilidade de
ensinar tudo o que pudermos às nossas crianças, mas tenho certeza quando digo
que, em vários momentos, nós somos quem mais aprendemos com elas.
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